domingo, 12 de junho de 2011

É TEMPO DE VISITAR A ALDEIA

(Ser e não ser apenas sede. Ter e não ter espaço para fazer teatro, para ensaiar. Saber e não saber produzir o seu espaço. Transformá-lo em local para todos usufruírem, sejam atores, pesquisadores ou espectadores. Surge com muita força, na mão certa, a ALDEIA EXPRESSÕES (Barão de Aratanha, nº 605, quase esquina com Domingos Olímpio). Um espaço que recebe bem, parece a casa de um grande amigo, cada integrante com o seu afazer/colaboração na crença de que assim se constrói um Grupo de Teatro, na cooperação. Espaço bem gerenciado, com cheiro de história e luta pela arte, aconchegante e com o ar de promessa. Espaço que produz, mostra e recebe produções. Espaço a ser divulgado,a ser procurado, a ser valorizado. Já!)
Neste último domingo (12/06/11) encerrou a temporada do Infantil DOM PODER E A REVOLTA DA NATUREZA do Grupo Expressões Humanas sob o comando da diretora Herê Aquino. O espetáculo traz as marcas estéticas do Grupo quando de início instala o ritual, o convite a entrar no mundo mágico, com músicas de encantar a alma. As canções são maravilhosas, com melodias fáceis e convidativas. Os atores estão afinados, um belíssimo coro. Entretanto, estas mesmas vozes não se encontram durante os momentos de texto. Isso acontece por conta do espaço (Teatrinho da Oca) que é pequeno demais para o volume a ser explorado pelos atores, às vezes fica tão gritado que começamos a ficar incomodados (uma criança, durante vários momentos, tapava os ouvidos). Salvo o trabalho de Felipe Franco, seja vocal, quando explora todos os volumes, tons e sussurros, seja na construção da personagem que trás  uma composição quase desenho-animado, se não fosse real. Já os outros atores chegam forçados na interpretação e na interação, não há química em vários diálogos, os corpos são desenhados na cena como marcas impostas e não como apropriadas, digeridas e prontas para brincar. A direção é muito presente, tem muita força na cena, o que às vezes faz o elenco, nitidamente, obedecer. Os figurinos não traduzem o universo a ser explorado, diante da belíssima composição musical (voz e percussão) são frágeis, inacabados, re-utilizados. Ali a reciclagem não funciona, pois mesmo cuidadoso, principalmente conhecendo o trabalho do Expressões, as composições não demonstram finalizações. O texto é atual no tema, mas datado na dramaturgia, em certos diálogos fica explícito um texto de moralidade que não são teatralizados, mas didáticos (ao extremo). Entretanto, tirando algumas questões técnicas mencionadas acima, que mais vale para por em debate do que para apreciação, do que para o público alvo, as crianças, nisso ele acerta em cheio, pois elas entram, se deixam levar, querem participar, entrar na ciranda e ser atuante. É neste ponto que o espetáculo se instala, pois nós, adultos, fomos ver teatro infantil e nos deparamos com atores-crianças-atores e saímos do espaço leves e felizes por uma hora de magia.

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